Friday, February 01, 2008

Memorial do Convento. Uma ajuda a quem estuda a obra. Capitulo XV

Fazer um breve resumo das partes deste capítulo mais relevantes, seguido de uma reflexão mais atenta e pessoal é a proposta sugerida.

S. Sebastião da pedreira recebe finalmente o cravo de Scarlatti. Este volta muitas vezes à quinta e pede que não parem o trabalho. Ali, com ruídos, grandes barulhos e confusão, toca o cravo. Scarlatti deseja voar se tal alguma vez for possível.

Esta personagem entra então no mundo e no projecto secreto da passarola voadora. É lhe dedicada grande confiança por parte do Padre. Passam agora a ser quatro aqueles que partilham este projecto. Scarlatti encontra-se ao nível intelectual do Padre Bartolomeu. Não tem os mesmos conhecimentos, de diversas áreas estudaram e têm competências, mas comungam a especial curiosidade pelo saber e pela discussão de ideias e conceitos (como nos é dado a conhecer no capitulo anterior).

Há um surto de febre-amarela em Lisboa, trazido por uma nau vinda do Brasil. Padre Bartolomeu Lourenço pede à Blimunda que vá à cidade e recolha as vontades das pessoas, alertando-a para o perigo de contágio. Assim, acompanhada por Baltasar, em jejum, durante um dia inteiro se põe a recolher tais vontades. Um mês depois, são mais de mil as vontades presas ao frasco em que Blimunda as recolhia.

Podemos aperceber-nos que as vontades, embora irreais e nunca palpáveis ou transmissíveis como nos é descrito, são na verdade aquilo que o Homem precisa para voar, para inventar e construir. As vontades são materializadas, embora de maneira abstracta, por Saramago. Também hoje precisamos nós de vontade para o que quer que façamos, se em algo não tivermos vontade, mesmo que o feito seja concluído não será tão perfeito como quando esta nos move. A vontade é no fundo não mais que o que o seu nome indica, é o sonho e o empenho intrínseco ao Homem que sempre teve e nunca viu.

Quando a epidemia termina, ela tinha já aprisionado duas mil vontades. Foi então que caiu doente. Nenhuma cura é conhecida nem mesmo a causa do seu adoecimento. Um dia, Scarlatti toca o cravo e ela abriu os olhos e chorou. O maestro vem, então, todos os dias e a saúde de Blimunda depressa recupera.

Somos levados a pensar que a causa do seu adoecimento é talvez de culpa e do próprio fardo que ela transporta ao recolher as vontades e enganar quem sem saber as cede. Embora uma mentira que não magoa, que como muitas vezes o próprio Padre Bartolomeu as inventa, estas não deixam de ser mentiras e por isso Blimunda sente esse fardo, só quando Scarlatti toca o seu cravo ela parece melhorar, podemos entender a sua música como algo similar às vontades (imaterial, nunca vista, difícil de explicar, impossível de entender por quem não a pode ouvir, …) a libertação do fardo que alivia Blimunda.


Baltasar e Blimunda vão a Lisboa procurar Bartolomeu. Este doente, magro e pálido, revela remorsos por ter colocado a vida de Blimunda em perigo. Mas o seu humor não parece alterado pela notícia de que todas as vontades formam recolhidas. Com tudo pronto para que se pudessem elevar e realizar o sonho do Padre, ele anuncia que vai informar o Rei que a passarola está pronta. Não sem antes a experimentar.

O Padre Bartolomeu revela-se ao longo do texto como um Padre nada convencional. Não obstante muitas vezes se surpreende ao questionar o seu Deus. Ele é um intelectual e inventor. Neste caso em concreto Bartolomeu Lourenço põe a sua ânsia de terminar o projecto um pouco a frente da segurança dos seus amigos. Ele pede a Blimunda que incorra em risco para que se consiga concluir a passarola. Confrontada no dilema da sua própria saúde ou o projecto, ela não hesita sequer e parte em viagem. Consigo vai Baltasar.



Este foi um trabalho para Portugues, acho que pode ajudar algumas pessoas. ^^

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